Recentemente Raphael Albino, da Plataformatec, lançou o livro Métricas Ágeis que reúne várias perspectivas de análise para seus projetos e produtos, com métricas que podem auxiliar na tomada de decisões importantes na sua empresa.
Uma destas métricas, que é mais comum na comunidade Kanban, é o Custo de Atraso (Cost of Delay). Foi sobre isso que resolvi enviar algumas perguntas ao Raphael, já aproveitando o onda do lançamento do livro. Desde já agradeço o Albino pela gentileza em compartilhar suas ideias conosco!
buzON: Rapha, pra quem não sabe o que é o Custo de Atraso (CoD: Cost of Delay) você conseguiria explicar em um tweet pra gente? (até 140 caracteres)
R: É o quanto a organização deixará de ganhar se uma demanda não estiver pronta em uma determinada data.
buzON: Uma vez que o CoD é uma técnica usada também para priorizações, no que ela difere de outras técnicas?
R: Assim como o ROI (o retorno gerado a partir do investimento que será despendido em uma demanda), o CoD é uma técnica de priorização que leva em consideração aspectos econômicos. Diferente de técnicas como MoSCoW ou AHP (Analytic Hierarchy Process) que podem conter um viés qualitativo, o CoD traz uma abordagem quantitativa para a tomada de decisão quanto ao que será trabalhado primeiro.
No fundo, a intenção do uso de tais estratégias quantitativas é olhar para o trabalho como algo finito e limitado e, que precisa de uma lógica financeira para ser priorizado.
buzON: É possível aplicar o CoD para histórias em um backlog?
R: Sim. Um exemplo que já vi se deu em uma empresa de ecommerce que não tinha o recurso de cupom de desconto e encararia a Black Friday em poucos dias. Todas as histórias do backlog foram priorizadas com o objetivo de criar recursos que permitissem a monetização das vendas com desconto. Isso aconteceu pois a área de negócios quantificou quanto seria perdido pela ausência de tal funcionalidade. Outro exemplo se deu em uma empresa que tinha um comercial programado para acontecer na TV aberta. A partir de um estudo foi estimado quanto a empresa deixaria de ganhar caso não tivesse um aplicativo disponível para os usuários na data em que o comercial fosse para o ar.
buzON: Se as histórias são hipóteses que podem ou não serem efetivas, seria também o CoD uma especulação? É possível que histórias (ou Releases) que consideramos com alto custo de atraso no início do desenvolvimento, não tragam o retorno esperado e, em decorrência, tenhamos feito a escolha errada?
R: Ao invés da palavra especulação eu usaria risco. Na minha visão, o campo das hipóteses é uma combinação de resultados esperados com “chance” ou probabilidade. Se soubéssemos com exatidão o quanto deixaríamos de ganhar com um recurso em um produto digital lidaríamos com o óbvio. Felizmente, os desafios das empresas digitais circula em um universo que pode ser considerado de vários pontos de vista.
buzON: Existe ou deveria existir algum fator de probabilidade associado ao cálculo do Custo de Atraso, assim como vemos na análise de riscos em projetos (Impacto X Probabilidade)?
R: Shazam. Com certeza. (respondeu na pergunta 4)
Veja também a entrevista que fiz com Raphael Albino sobre Lead Time e NoEstimate: