Rubens: “Vocês não usam post-its? Que interessante! Como vocês fazem”
Vinícius: “Então, nos conscientizamos sobre o desperdício que tínhamos usando post-its. Primeiro o desperdício ecológico e depois o desperdício financeiro. Hoje não usamos mais post-its.”
Rubens: “Vocês mantém tudo na ferramenta então? Estão usando Jira?”
Vinícius: “Não, não… manter ferramentas é algo que consome muito tempo também. Aqui levamos a questão do desperdício e melhoria contínua a sério. Sem contar que valorizamos muito mais pessoas e interação entre elas!”
Rubens: “Wow! Muito ágil isso! E como o Product Owner registra o que precisa ser feito?”
Vinícius: “Também eliminamos os papéis. Não temos a figura do ‘Dono do Produto’. O time todo pega uma, e somente uma, coisa por vez, discute, explora, analisa, constrói, faz as validações, entrega e treina os usuários. Dessa forma não precisa manter um backlog, o que eliminou nosso custo de ‘estoque’ de itens e o custo de priorização.”
Rubens: “Ok. Muito legal isso… mas imagino que alguém ainda precise dizer qual o próximo item a ser feito, não?”
Vinícius: “Você tocou num ponto importante. Quando decidimos eliminar o PO e o backlog nós também esbarramos nessa questão: Qual seria o próximo item? Então, emergiu uma regra no time: o próximo item é a primeira sugestão que aparecer após a entrega do item anterior.”
Rubens: “Caramba! E tem dado certo? Digo… vocês não discutem se tem valor para o cliente? Não avaliam outras opções… ?”
Vinícius: “Nós passamos a acreditar, Rubens, que o importante mesmo é fazer algo com qualidade e o mais rápido possível para o cliente usar. Geralmente as análises sobre qual item é o mais importante levam mais tempo do que o benefício que geram. Assim, quando o time está observando a entrega anterior na mão do usuário, fica bem evidente qual o próximo passo a ser tomado.”
Rubens: “Ca-ra-… parece bom demais pra ser verdade. Como fica a questão de roadmap e as promessas ao cliente?”
Vinícius: “O cliente assina um contrato conosco dizendo que fará parte do time. Aquele ali sentado é o Marcos, nosso cliente atual. Eu prometi que resolveríamos o problema dele em 3 meses e aqui estamos — construindo algo juntos”
Rubens: “Ok… mas vocês devem ter muitas regras e práticas para sustentar essa agilidade toda não? Fazem reunião diária? Sprints curtas? Retrospectiva para melhorar o processo? Imagino que muito do que vocês têm hoje é por implementar os planos de ação das retrospectivas, certo?
Vinícius: “Não usamos Scrum. Na verdade, não usamos nenhum método hoje. Vimos que não precisamos de reunião diária e não há sprints porque todos estão engajados em resolver aquela única entrega e só param quando ela é finalizada. E as melhorias que viriam da retrospectiva acontecem diariamente ao refletir sobre o processo. Ah, também não usamos Kanban: Limites de trabalho; visualizar a cadeia de valor; gargalos; vazão; classes de serviço, nada disso faz mais sentido do jeito que estamos trabalhando. Da última vez que medimos, o tempo entre o cliente pedir algo até estar usando em produção, era de 3 dias.”
Rubens: “Então deixa eu ver se entendi: vocês não têm cerimônias; não têm papéis; não têm backlog ou roadmap; trabalham junto com o cliente; se comunicam bem; têm qualidade; têm rapidez; não precisam fazer estimativas; entregam valor sem precisar discutir o que é valor. Cara!! O que você acha que ainda falta melhorar???”
Vinícius: “Hoje o time é composto por mim e pelo Marcos, o cliente. Talvez se tivéssemos mais 1 ou 2 desenvolvedores, seria uma boa melhoria!”