O primeiro valor do manifesto ágil diz que é importante valorizar os indivíduos e as interações entre eles mais do que processos e ferramentas, certo?O que o manifesto não diz, porém, é que não é possível promover interação útil entre indivíduos sem os adequados processos e ferramentas. 😱🤯
Muito se fala hoje da necessidade da mudança de mindset, sem a qual não é possível obter resultados diferentes e melhores. Essa urgência no discurso da mudança comportamental ganha força e se potencializa com o movimento Ágil que invade o grande mercado brasileiro e avança forte nas indústrias mais conservadoras e pragmáticas. #fato ✅
Entretanto, em alguns lugares há um desequilíbrio entre a adoção de novos processos e a promoção de uma nova forma de pensar. Alguns lugares adotam práticas sem entender por quê. Outros estimulam novos comportamentos sem dizer como. E ambos correm o risco de aplicar o novo pelo novo.
Mas afinal de contas, quem vem primeiro: o mindset ou a prática? 🥚🐔
Os que defendem “mindset” falarão que na empresa que trabalham as pessoas não pensam no âmbito geral da empresa, mas somente nos seus interesses. Que a cultura da empresa é de comando e controle, hierarquizada, sem colaboração, com aversão à falha e lenta. Logo, isso precisa mudar. As pessoas precisam pensar diferente. E talvez tenham razão. 🧠
Os que defendem “a prática” dirão que se as pessoas não tiverem meios de aplicar o futuro-novo mindset, este último nunca virá. E eles talvez estejam certos também. 🔨
O primeiro grupo promoveria sessões de Coaching e palestras motivacionais, além da criação de banners que exporiam palavras-chave da cultura desejada. O segundo aplicaria Scrum.
Qual deles está mais certo?
Como consultor eu diria “depende” ou diria que “a solução é um pouco dos dois” (o que me parece fazer mais sentido mesmo 🤔). Mas se fosse responder diretamente a pergunta, tendo somente estas duas alternativas, eu ficaria com a segunda.
A primeira opção, que aborda somente mindset, levada ao extremo me parece anti-ética além de potencialmente menos efetiva. Estimular e forçar alguém para ter comportamentos e formas de pensar diferentes não segue a via de um “MVP cultural”: demora; é difícil de medir; não emergiu naturalmente; e se baseia no pressuposto que sabemos como avaliar tais novos comportamentos.
Começar com novas práticas (sejam Scrum ou não), prepara o terreno para em seguida vir o mindset que justifica [ou não] os resultados. É o Daniel San pintando a cerca do Sr. Miyagi sem entender o motivo, mas depois descobrindo que os movimentos da pintura também poderiam ser usados no combate, seu objetivo final.
Perceba, portanto, que apesar de preferir prática à mindset primeiro, não vejo ambos andando sozinhos. Um reforça o outro num ciclo virtuoso. Prática sem o mindset tende a ser inócuo tanto quanto o mindset sem a prática acabará enfraquecido e a cultura predominante cuidará de trazer tudo ao estado que sempre foi.