Diretor: “Bom dia pessoal. Convoquei esta reunião estratégica, pois cheguei à inevitável conclusão, diante do que estamos vivendo, de que precisamos mudar nosso mindset para o modelo ágil que temos visto no mercado. E mais: precisamos fazer isso já em nível escalado para não ficarmos para trás da concorrência.”
O silêncio é quebrado pelo alvoroço geral. Todos começam a murmurar com o colega ao lado; cabeças acenam positivamente; semblantes aliviados; frases de desabafo se destacam no meio do converseiro; alguns se adiantam em já conversar com seus subordinados por telefone para iniciar aquela iniciativa reprimida; outros compartilham exemplos do que já acontece em sua respectiva área; outros abrem o Jira e criam um board Scrum. Até que Ribamar levanta a mão e pergunta:
Ribamar: “Sr. Diretor, por favor… só uma pergunta.” —a conversa na sala vai diminuindo e Ribamar continua, agora com a atenção de todos — “Desculpe se minha pergunta é um pouco básica, mas como aprendi no último treinamento da firma, nenhuma pergunta é ruim, certo?” — todos acenam com a cabeça recordando o treinamento — “… assim… o que seria ágil?”
Todos são pegos de surpresa pela pergunta e naqueles breves segundos até a resposta do Diretor todos exercitam mentalmente como responderiam. O diretor, ligeiramente desconfortável, diz:
Diretor: “Ora Ribamar… como assim… o que é Ágil?” — olha pela sala buscando confirmações da obviedade da pergunta no rosto dos demais participantes e continua — “… ágil é uma capacidade de estar preparado para mudança e… creio que o Manoel possa falar até melhor do que eu, pois ele está estudando isso já faz um tempo. Manoel, você pode responder pra gente?”
Manoel: “Claro.” — responde o Gerente de Processos Organizacionais com firmeza passando confiança e aliviando a tensão gerada pela pergunta — “Ágil é realizar o trabalho em processos iterativos incrementais chamados de Sprints.”
ao que Rafael, Gerente de Marketing, pede a palavra e intervém:
Rafael: “Desculpe Manoel, mas isso está mais para o Scrum do que para Ágil. Ser ágil, na verdade Ribamar, é seguir os 4 valores e os 12 princípios do Manifesto Ágil…”
o Vice Presidente de Experiência do Usuário, João, interrompe:
João: “Na verdade, pelo que sei, é sobre ter foco na eficácia pela perspectiva do cliente. Geralmente usamos técnicas de Design Thinking…”
quando interrompe o Vice Presidente de Operações, Ricardo:
Ricardo: “Gente… peraí! Ágil em escala é ter menos hierarquia e uma estrutura mais flat de trabalho. Sem isso não é possível atingir agilidade no nível organizacional!”
Todos começam a discutir em conversas paralelas defendendo suas opiniões e pontos de vista, até que o Diretor bate na mesa e pede silêncio. Num tom conciliador, continua:
Diretor: “Caros. É óbvio que há várias perspectivas entre vocês e nenhuma está errada. Eu deixei vocês discutirem justamente para verem como o Ágil é complexo e diverso. Precisamos fazer algo diferente do que temos feito. Nossa empresa depende disso. O futuro dos nossos colaboradores depende disso. Temos que nos adaptar. E isso é urgente! É por isso que temos que implantar o Ágil e escalá-lo na empresa o quanto antes!”
Todos parecem acalmar os ânimos diante do discurso de união e propósito comum até que Ribamar levanta a mão novamente…
Ribamar: “O Senhor me desculpa se estou sendo importuno…” — todos olham para Ribamar com a angústia de quem não quer voltar um caso já resolvido antes do almoço — “… mas queremos implantar e escalar o quê? … assim… especificamente…”
Diretor: “Ribamar, com todo respeito, como você parece que ainda está começando a entender agilidade, vamos deixar a condução da iniciativa para quem já está mais avançado no tema. O que acha? Manoel, você lidera isso pra gente?”