O Novo Gestor

Depois da inércia míope do Gerente Tradicional e da precoce efusão do Agente Ágil, vamos refletir o que temos até agora e como podemos avançar de forma consistente com o papel do Novo Gestor.

Minha análise vai abordar:

  • O que é Ágil;
  • Ser Ágil é limitante;
  • Ágil não é igual a resultados;
  • Maturidade Ágil não é o que vemos por ai;
  • Além do Ágil;
  • Recomendações ao Novo Gestor.

Vou defender que o Novo Gestor deveria, antes de tudo, resgatar o que ele sempre deveria ter sido.

Neste post falei somente dos 3 primeiros itens e postarei os outros nas próximas semanas. 

O que é Ágil

“Em nossa época, despontou uma fantasia singularíssima: a de que, quando as coisas vão muito mal, precisamos de um homem prático. Seria bastante mais verdadeiro dizer que, quando as coisas vão muito mal, precisamos de um teórico. Um homem prático é alguém acostumado à mera prática cotidiana, à maneira como as coisas funcionam normalmente. Quando as coisas não estão funcionando, é preciso do pensador, do homem com uma doutrina que explica por que elas não estão funcionando.”
G. K. Chesterton, O que há de errado com o mundo. (1910)

A primeira questão que se coloca para quem quer fazer uma análise séria da gestão moderna são as definições.

Minha jornada com a definição do Ágil começou há 6 anos quando me dei conta que “tudo tinha virado Ágil”. Nesta ocasião, falei no DevCamp 2013 que a Comunidade tinha banalizado o termo e rotulado tudo o que era ruim de Tradicional e tudo o que era considerado bom de Ágil, prejudicando as adoções que estavam sendo feitas até então.

Entretanto, eu errei na época em não partir de uma definição fundamental do que é Ágil antes de apresentar propostas sobre como melhorar a sua adoção. Isso se tornou evidente pra mim hoje, olhando em retrospectiva.

No começo de 2016 esbarrei novamente com o tema e inaugurei meu site com o post: Quem é Ágil?

Neste artigo eu fiz a lição de casa e defini, pelo menos para mim, o que Ágil vem a ser e o resumo é: Ágil é pensar de acordo com o Manifesto Ágil. (Veja os argumentos no post)

Parece elementar, não? Em suma, a compilação dos valores e princípios do Manifesto é a única exclusividade que o Ágil traz e que, no meu entendimento, permite sua definição ímpar.

Pois bem — alguém poderia achar desnecessária essa conversa toda ou mesmo teórica demais. Porém eu me pergunto:

  • Quando alguém quer aplicar Ágil, quer aplicar o quê?
  • Quando falam em transformar uma organização em Ágil, querem transformar o quê em quê?
  • Ao escalar Ágil, o que será que estão escalando?

O mínimo que se espera do Novo Gestor é que ele seja coerente e consistente. Não supersticioso.

Ser Ágil é limitante

Sendo Ágil uma forma de pensar, eu tenho um problema com “ser” Ágil.

Geralmente quando somos alguma coisa deixamos de ser outra. Vejo isso no contexto religioso: Sou católico, logo não sou espírita. E, apesar de fazer sentido para os dogmas e preceitos religiosos, não vejo como sadio aplicar o mesmo para filosofias de gestão.

Porém, é exatamente isso que vemos: os batizados na religião Ágil evitam aquilo que não é Ágil. Se limitam inconscientemente aos frameworks e métodos mais populares, à algumas temáticas simpatizantes e periféricas, e acabam, ironicamente, sendo menos efetivos.

O Novo Gestor não é Ágil. Ele usa Ágil.

Ágil não é igual a resultados

Resultado é uma propriedade da organização e não de um mindset.

É claro que a forma de pensar influencia e contribui com resultados, mas não é uma relação direta. Muitos são os fatores que afetam os resultados de uma empresa: mercado; política; motivação dos colaboradores; métodos; estratégia; técnicas. A forma de pensar Ágil é apenas uma delas e insuficiente por natureza.

Outras pessoas do Movimento Ágil pregam sobre entrega de valor ao cliente como se no passado o objetivo tivesse sido prejudicá-lo. A associação direta de Ágil com resultados é uma característica de quem realmente se transformou em Ágil e só consegue ver as coisas por este prisma — acreditando, de forma dogmatizada, que tudo se resolverá com Scrum e o correto “mindset”.

O Novo Gestor tem uma visão holística.


Nos próximos posts vou continuar a desenhar as bases do Novo Gestor, que usa Ágil mas não se limita a ele.

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  • Maturidade Ágil não é o que vemos por ai;
  • Além do Ágil;
  • Recomendações ao Novo Gestor.

Grande abraço!

Veja a Parte II  e Parte III

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