O Novo Gestor – Parte IV — A Gestão Tradicional

Se você está chegando agora à série O Novo Gestor, veja um pequeno resumo do que temos até agora:

Estamos formulando uma proposta menos dogmatizada e mais completa do que seria um bom gestor para os desafios atuais nas organizações. O gestor Tradicional tem seu valor, mas não se adaptou; o “gestor Ágil”, apesar de mais adequado aos novos paradigmas, é incompleto.

Para tanto, refletiremos sobre os conceitos de gestão que temos até agora no mercado, buscando identificar as vertentes ainda pouco exploradas. A hipótese que estou trabalhando é que nem Ágil e nem o Tradicional endereçam alguns pontos importantes necessários aos desafios modernos.

Nos últimos posts temos refletido sobre o fenômeno Ágil, suas implicações, adaptações e deturpações. Nesta linha já vimos:

* Ágil é uma forma de pensar que tem, de fato, uma forma: o Manifesto;
* Resultado é propriedade das organizações, não de um mindset [Ágil];
* Não é possível listar o que tem ou pode estar no Movimento Ágil;
* “Ser” Ágil é limitante se você deixa de “ser” outras coisas;
* Maturidade Ágil não tem medido mindset.

Ficou curioso? Veja os posts da série aqui.

Ainda falta analisarmos como os frameworks Ágeis complementam o mindset e as características necessárias às empresas. Mas hoje vamos falar um pouco sobre a Gestão Tradicional, começando a desenhar os elementos do “velho mundo”. Daremos um passo para trás para darmos alguns para frente em breve.

[heading]A Gestão Tradicional[/heading]

A “Gestão Tradicional”, como rótulo, nasce da necessidade de se referenciar o modelo de trabalho anterior ao Ágil. Logo, foi um termo criado a posteriori, por seus “arqui-inimigos”, que tiveram a total liberdade de dizer o que ele significava.

Aqui já temos o indício de que “o Tradicional” pode ter ganhado características negativas, sem, de fato, tê-las.

Mas também acontece algo curioso: O conceito de Gestão que existia anteriormente, como um corpo vivo de conceitos, técnicas e práticas, passíveis de evolução, foi congelado e rotulado por seus sucessores, colocando no lugar um outro corpo vivo de conceitos, técnicas e práticas, passíveis de evolução. E, enquanto o primeiro deveria evoluir para algo mais “Ágil”, o segundo deve evoluir, ao meu ver, para algo mais “Tradicional”. (Chegaremos lá nessa série)

Logo, se hoje, apesar de controverso, podemos resumir o Ágil ao seu Manifesto, não vejo uma forma de definir o Tradicional que não seja usando as narrativas que estão construídas na minha mente — a saber: comando e controle; microgerenciamento; foco no plano; punição e recompensa; especialização do trabalho; separação de quem pensa e de quem executa; gestão em fases sequenciais (Cascata); determinismo; foco em projeto; etc.

Se você prestar atenção, cada característica que usei para definir o Tradicional não são, em si, ruins. Dependendo de sua aplicação, pelo contrário, podem até ser necessários.

[heading]Olhando mais de perto[/heading]

Um exemplo do que não podemos ignorar, por pena de ficarmos deficitários, é o comando e controle.

Eu concordo que podem haver aplicações nocivas de comando e controle, que oprimem, não levam em consideração outras opiniões e que restringem a criatividade. Mas há aspectos bons nos conceitos de comandar e controlar.

No artigo “Precisamos de mais Comando e Controle” que escrevi em 2016, eu defendia que:

“Precisamos recobrar a parte boa do comando que foi esquecida quando combatemos o gerente capataz. Precisamos do líder! e que este líder comande apontando a direção na qual as equipes se colocarão, aí sim, de forma auto-organizada. Precisamos do líder que realmente organize um movimento em busca de algo maior do que eles próprios. Comandantes.”

E o que dizer do microgerenciamento que os membros de uma equipe precisam exercer para atingir os objetivos prometidos para daqui duas semanas?

Esses termos foram estereotipados negativamente e jogamos fora também o “bebê com a água do banho”.

“Destituímos o carrasco controlador e apareceu no lugar um aprendiz de jardineiro que, apesar de adubar bem as plantas, tem exercido pouco a poda.”

***
Continuaremos desmistificando a Gestão Tradicional nos próximos posts e colocando as coisas nos seus devidos lugares. Há formas de aplicar conceitos ditos “Tradicionais” que são imprescindíveis à realidade atual das empresas. Fique por aí e me ajude a montar as características do Novo Gestor.

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